Open House, dramaturgia e direção de Daniel Veronese. Montagem argentina que trata do abandono e da solidão. O público entra no teatro Glória, no Rio de Janeiro. Os atores já estão no palco em ação: homens e mulheres, gordos e magros, feios e bonitos, velhos e jovens. Choque e estranhamento: cadê o padrão brasileiro de belos rostos, de corpos lipoaspirados, do imperativo de juventude e beleza a qualquer preço? No centro do espaço teatral, com suas fragilidades e variações: o humano em cena.
Após esse impacto estético e subjetivo, uma viagem a Buenos Aires me possibilitou o aprofundamento da descoberta do teatro argentino “não comercial” e da intensa vida criativa, apesar da grave crise econômica e política que o país atravessava no início dos anos 2000. Desse contato direto nasceu o projeto Pratas dos Rios, diálogos entre o Rio de Janeiro e o Rio da Prata, com o objetivo de construir pontes culturais entre Brasil e Argentina, vizinhos que mal conhecem as criações artísticas um do outro. Uma de suas realizações foi trazer, em 2005, o ator, dramaturgo e psicanalista Eduardo “Tato” Pavlovsky para se apresentar com sua peça Variaciones Meyerhold, no Espaço SESC, no Rio de Janeiro, e promover uma exibição de filmes baseados em sua obra. Em 2008, realizou nova apresentação no teatro Poeira, com o lançamento simultâneo de um livro com seis peças inéditas em português.